segunda-feira, 4 de junho de 2012

Bio ilogismos



Mariposas migram do frio gélido, em espiral
Hibernavam desde o verão passado
Mesmo quietas e sonolentas, reproduziram
Agora, as novas  já são escudo das viagens do porvir
Por ora, apenas planos de vôo:
rasantes, incertos, ansejos.
Outros insetos também formam nuvens
Mas passam apenas pela periferia
e não inundam o novo caminho
Os sons são audíveis, mas não incomodam
Na placa da frente está sempre escrito:
 - Domine as palavras, e siga.
A cegueira noturna é também estratégia do desejo...

domingo, 15 de janeiro de 2012

DELEITE DE MAMA

MAMIFERA MINHA DE PEQUENO PORTE
QUE O BRANCO LÍQUIDO TE DEIXE FORTE
PRIMATA MENINA DO BRAÇO COMPRIDO
TEU MIADO DE CHORO ME CHAMA CORRIDO
AGARRA DE CERTO O PEITO QUE DIGO
E SUGA MEU CORPO DE LEITE ABRIGO
CONDENSADO DE AMOR ENCHA-TE TODA
JAMAIS FALTARÁ DOÇURA EM TUA BOCA

MAMA MAYSA
LOUCA POR BICO
MULHER MAMÃE
DIVINO MAMILO

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Ladainha

Meia dúzia de vivências repetidas
em dois terços de tempo regulamentar

Nomes que eu não me chamo ecoam
nas lembranças esvaziadas a pulsar
 - Periodicamente renomeiam-me

Noites perdidas já bastaram
mas elas insistem em não desistir
 - Continuam acordando-me

Migalhas desordenadas se reúnem
com incontáveis  gotas envelhecidas
 - Deixam quase nenhum vestígio

Incursões respiratórias chiam de cansaço
apesar de discretamente audíveis
...
O saneamento de tudo parece ser
um epíteto muito específico.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Pe(n)sares

Sensação de tempo estéril
Tempo onde não se germinam mais passados
Horas de não conto e poesias
A pensar sobre o de novo – o que revejo na vista de um vale?
Sombras malfeitas ainda me ocupam
Mas a escolha insensata ainda me perturba
Não me poupam o pouco tempo, é claro
Como lembranças-toneladas seriam delicadas?
Ainda a esta altura. Com tudo mexendo a veras.
Continuo remexendo impossibilidades vívidas
Mas por vezes, de certeza, insiro-lhes a eutanásia
Nada tão voluntário. Amo ainda mais que um parto.
Ganho as perdas e não perco sonos... peço os sonhos e continuo
Andando a pequenos saltos de dançarina tímida
Estranhos adjetivos aos ouvidos de hábito
Me coíbo a infelicidade e certas pílulas ainda me servem.

domingo, 19 de junho de 2011

Corpúsculo

Cabeça, tronco e membros
Primeiro olhar curioso para o mundo distorcido
Preocupo-me com o inteiro
e busco todas as integridades
em segundos fugazes do encontro.

Movimentos de corpo único
Algo de dentro do conjunto insistentemente pulsa forte
No presente, tudo se desdobra
e o metafísico se concretiza
em imagens chuviscadas do perceptível.

Nossos tempos correm em batimentos não sincronizados
Desconhecidas sensações nos revelam a magia do desenvolvimento.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Ainda

Breves visitas a abismos inexploráveis
Cantos submersos engasgados em lamas de superfície
Contrações... extensões

Frases manchadas de palavras sem sombras
Memórias esvaziadas pela ausência de luz
Quedas... recuperações

Infinitas sensações sem suporte de resgate
Decisões ocasionais reafirmam o alcance da vida

re-torno
re-vejo
re-sinto
Tudo SUJO

sábado, 14 de maio de 2011

Rachadura ou Rochas duras

Borboletas morrem atropeladas
à dias e noites, sem silêncio

Belezas de lupa esmagadas
à dias e noites, com suplício

Olhos de vidro embaçado
mal se dão conta do belo embaraçado

Regeneram-se os cotos,
ou padecem os corpos...?