segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

CircunferÊNCIA

Amarelo e azul parados

Imobilidade esférica em superfícies lisas

Inacreditável sensação de não tempo

Orbitas que não se encontraram

Raios diametralmente opostos

Duas girantes gigantes perto de outra dimensão

Nunca serão contaminadas pelo verde.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Encarnador

Dores distintas abrigadas
no mesmo delírio automático
Homens estourados
na desfantasia dos abadás
Beijos espalhados se perdem
nos bueiros entupidos
Sangue e suor se dissolvem
na multidão surda, emudecidos

Antigos goles catados em alumínios já quentes
Igualdade embriagada de decibéis indiscerníveis
Miscigenação hipermétrope usa lente divergente

Palcos e espumas compõem
o mesmo cenário nas câmeras do mundo
Distantes e uníssonos trabalham
reconstruindo o mesmo rito dos anos que vêm

Risos encordados não sabem onde seguir
Enquanto ordenham milhões por cada máscara de folia
comprada

Ressalvo:
 - Pulem!
 - Corram!
 - Paguem!
 - Morram!

 - Salvo, Salvem!
o carnaval de Salvador

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Fantasmas

Dói até onde não mais existo
A cicatriz convoca os olhos à nova condição
Luto contra o resto que me brota
Os novos limites não me redirecionaram, de aviso

Cinestesias dolorosas
Consciência inexata
Confusões de imagem-sentir

- (Procura-se um novo corpo)

ARMADURA

Almas desconhecidas andam de mãos dadas
e de canto de olho se desconfiam...

Como escutarão os pensamentos íntimos
se ainda não se olharam?

Como reconhecerão as sutilezas do amor nas desrotinas do viver?

Como sentirão seguros seus corpos unidos por palavras frágeis
se ainda não se olharam às pálpebras?
se ainda não papilaram-se as pupilas?

Como sanarão a dúvida de um recém-encontro
que - mal nascido - já se vê roído?

Compartilhamento de espaços únicos
Amores desalmados condenados à busca...
...irão de que cor?